Economia popular solidária e consciente.
Calor, cores e alegria preencheram a tarde do sábado, dia 20 de fevereiro, em Porto Alegre. Na escadaria da Borges, em frente ao Prédio da Comunidade “Utopia e Luta” o grupo animado encontrou-se para realizar trocas solidárias. O encontro foi motivado pela vontade de proporcionar a vivência de outras perspectivas de consumo e, através da troca direta de produtos materiais e culturais, estimular práticas que valorizem a preservação da natureza e a economia da solidariedade.
As feiras de trocas são praticadas em vários espaços sociais como proposta alternativa de economia popular e solidária. As primeiras aconteceram no Canadá nos anos 1980. Se baseiam em princípios da economia solidária:substituir o lucro e a competição pela cooperação; valorizar o saber e a criatividade humana e não ao capital e sua propriedade; buscar um intercâmbio respeitoso com a natureza.
A pequena feira foi iniciativa de um grupo de amigos e coletivos que compartilham de idéias de preservação, colaboração e criatividade. Entre os grupos que participaram podemos citar a Comunidade Utopia e Luta, Pontos de Cultura, Rede Mocambos, Coletivo de Agroecologia Uvaia, Coletivo Tear Digital, Instituto de Desenvolvimento Social Bravagente.
As trocas aconteceram de maneira bastante livre e direta, o que pode ser definido também como escambo. O primeiro encontro do grupo foi o princípio de uma seqüencia de feiras que está sendo projetada, e já definiu-se o próximo encontro para o dia 10 de abril, no mesmo local. Pensando na ampliação da atividade a divulgação será intensificada para proporcionar a participação de outras pessoas e movimentos sociais. Em Porto Alegre e região já acontecem outras feiras, propostas por diversos movimentos e comunidades, como a Utopia e Luta, a Cooperativa Girassol e outros relacionados ao Fórum Brasileiro de Economia Solidária.
Na oportunidade foi lançado o primeiro livro da Editora Livre Ecoaecoa, o As Borboletras Estão Chegando. Idealizada por Alissa Gottfried e Felipe Nunes, a edição do livro de poemas é alternativa viável para a circulação de idéias e conhecimentos, possibilitando a distribuição direta e flexível. Também foram distribuídos contos e poesias em forma de panfletos e adesivos do projeto Epidemia de Poesia da Revista Guatá, do Paraná.
Algumas feiras de trocas utilizam a moeda social. Nestes casos são estabelecidas comissões que funcionam como coordenação, responsável pela emissão, distribuição e controle da moeda solidária que possibilita aos membros comprar e vender dentro do grupo. O Projeto Colibri, resultante do surgimento dos encontros de vários países na Rede Latinoamericana de Socioeconomia Solidária, compreende que o uso da moeda social e a busca de sua integração é um instrumento da própria construção democrática da Economia Solidária.
No Brasil, exemplo de sucesso é na comunidade da favela Conjunto das Palmeiras, em Fortaleza (CE), onde a Associação dos Moradores criou um banco que faz empréstimos, financia negócios e concede cartão de crédito aos associados como ação para impulsionar o consumo interno e a geração de empreendimentos sociais na comunidade. No I Fórum Social Mundial houve grande procura pela oficina denominada “Economia Popular Solidária e Autogestão” (aproximadamente 1.500 participantes), o que motivou a criação de um GT Nacional com a participação de diversos segmentos: rural, urbano, estudantil, religioso, sindical e de comunicação. Desses debates nasceu o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) que atua no sentido de integrar as diversas ações de economia solidária em todo o país.
Para mais informações acesse:
http://www.fbes.org.br/;
http://cirandas.net/;
http://redlases.wordpress.com/
http://www.coopgirasol.com.br/
Texto: Vania Pierozan Imagens: Vania e Paulo (PC)
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